Entrevistamos Thiago Oliveira, analista senior de infraestrutura da Arauco, sobre a sua experiência com no Cisco Live, um dos maiores eventos de tecnologia do mundo; veja o resultado dessa conversa
2S Inovações Tecnológicas
Quando Thiago Oliveira partiu para o Cisco Live, no início de junho, ele já tinha em mente que a inteligência artificial ocuparia a sua agenda. Esta era, por sinal, uma demanda da própria organização em que ele atua, a Arauco do Brasil, multinacional chilena e uma das maiores empresas florestais da América do Sul. Mas Thiago, na posição de analista senior de redes e infraestrutura, sendo responsável por toda a rede WAN e LAN em cinco plantas industriais e oito florestais da companhia, sabe que, antes da IA, existe algo chamado sustentação.
O especialista da Arauco conversou com a 2S sobre a sua experiência no Cisco Live e sobre como as tecnologias de infraestrutura de redes estão definindo, hoje, a capacidade das empresas em levar a inteligência artificial para as aplicações de negócio. Acompanhe esse papo.
Thiago, sabemos que a indústria dá o ritmo da inovação com o desenvolvimento e lançamento de novos produtos, e um evento como Cisco Live é um palco para essas novidades. Mas o que você tirou de mais relevante e útil dessa imersão, pensando no que faz sentido para o momento e as necessidades reais das empresas no Brasil?
Primeiro, eu acho que é interessante para qualquer empresa, independentemente do negócio, participar de um evento como esse, por ter uma abrangência global e reunir uma quantidade muito grande de pessoas, milhares delas e de diversos países. Vejo que muitas empresas ainda estão se encaminhando para as ferramentas da Cisco, pois hoje nós [mercado brasileiro] ainda trabalhamos de forma reativa. Com a unificação de determinadas ferramentas, você consegue começar a aplicar a inteligência artificial, como na gestão de uma rede Wi-Fi, identificando um problema de autenticação, por exemplo, e o que é preciso fazer para corrigi-lo, de forma automatizada. Isso nos auxilia a ter mais tempo para outras atividades.
“Essa questão ferramental está ligada à sustentação, a ter uma base que permita um trabalho menos reativo, enxergando os problemas antes que eles aconteçam. Esse é o fundamento básico das ferramentas da Cisco – claro, com todas elas conversando entre si.”
Então, na sua visão, fazer com que a inteligência artificial chegue às aplicações de negócio passa, primeiro, por uma questão de integração de ferramentas, certo?
Exatamente, aí que está o ponto. O pessoal acha que vai apertar um botão e vai resolver o problema. Mas IA é um histórico de números, vamos pensar assim. São máquinas que têm grande capacidade para ver e conciliar todas as informações, e nos ajudar a fazer uso delas. Eu vejo a IA na tecnologia Cisco, hoje, muito mais relacionada a manter toda infraestrutura funcionando. Voltemos ao exemplo do Wi-Fi: tenho uma cobertura hoje que é justamente para ajudar a execução do checklist na Arauco. Os profissionais que têm o papel de fazer as preventivas das máquinas vão a campo com tablet em mãos, e já mandam esses dados para informar o sistema e criar os dashboards. Ou seja, a cobertura precisa funcionar. E se não está funcionando em um determinado local? O problema é o dispositivo? É a cobertura? A IA vai me ajudar nisso.
Entendo que a Cisco tem uma visão fora do comum para algumas coisas. Pense na questão do processamento do switch: hoje você consegue instalar um sistema operacional nele e pode rodar esse equipamento como um sensor dentro da rede. Eu acho isso fora da curva, sabe? É o tipo de coisa que estamos começando a aplicar agora. Tudo é rede.
Você acha que essa demanda pela modernização e o preparo da infraestrutura de redes, de forma que ela esteja pronta para receber a IA, é o momento, em geral, de toda empresa hoje?
Sim, ninguém está muito distante desse momento de ter uma infra que acomode as novas soluções e que permita levar a IA para aplicação direta. Todo o mundo sonha com IA. Mas eu tenho uma rede que possui a capacidade de atender as necessidades da IA? Então, acho que a Cisco está vindo justamente para isso. Ela está entendendo como a rede estará preparada, por meio dos equipamentos, da capacidade de processamento e tudo mais. Eu acho que a Cisco tem uma visão de tentar unificar as várias ferramentas de mercado que hoje não se conversam, para que, no dashboard, a gente possa enxergar o que está acontecendo.
Você vem do mundo de redes, que tradicionalmente é bastante exigente em termos de qualificação e atualização. Como e onde você busca conhecimento para dar conta das novas tecnologias que surgem, hoje, tão rapidamente no mercado?
Hoje, minhas fontes são desde o pessoal da 2S [que atua nos projetos dentro da Arauco), até pessoas que estão compartilhando conteúdo na Internet, em um canal de Youtube, cursos, etc. Eu falo de profissionais que ajudam a difundir a questão técnica. Porque não adianta querer aprender somente a usar uma ferramenta se eu não sei como ela é feita. Tem que ter essa base. Mas isso também vem no dia a dia. Tem que correr atrás, tem que estudar, ler livros, assistir a vídeos, buscar quem tem mais experiência. O networking ajuda a acompanhar o mercado.
“Eu falo para o time da 2S: vocês têm total liberdade para me trazer tudo o que acham de bom e de ruim, pois há coisas que, às vezes, eu não estou conseguindo ver.”
Você comentou antes da oportunidade de ter contato com outras empresas, outras referências. O que o Cisco Live te proporcionou, nesse sentido?
Quando você troca ideia com outras pessoas, de diferentes empresas, você vai tendo melhores visões, talvez que você não havia tido antes. Empresas podem ser concorrentes em algum momento, mas ainda assim um pode ajudar o outro. Porque você não está passando o segredo do seu produto, está falando de ferramentas, de conhecimentos de podem auxiliar a todos. Então, o networking no Cisco Live foi fora da curva para isso.