|por Renato Carneiro|
A economia brasileira deve fechar 2016 com o segundo pior desempenho do mundo, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), e a estimativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) do país “encolha” 3,5% este ano – resultado que perde apenas para a contração de 6% esperada para a Venezuela. O cenário assusta, não podemos negar, e faz com que boa parte das empresas coloque o pé no freio para novos investimentos, além de enxugar aqueles que não podem ser adiados.
O que parece uma correção de rota instantânea pode, contudo, prejudicar o negócio a longo prazo e deixa o CIO em um beco (quase) sem saída. O fortalecimento do poder de decisão na área de compras e o crescimento dos leilões eletrônicos, reflexo dessa corrida de fazer mais com menos, limita a autonomia do gestor de TI e, por consequência, o comprometimento com os resultados do próprio negócio.
O que tenho notado, em grande parte das empresas, é que esse movimento garante uma economia inicial de 10% a 15%, mas, os efeitos colaterais desse modelo não são nada modestos: atraso na entrega, falta de eficiência e até aquisição de soluções que não atendem as especificações básicas do projeto e nem as expectativas do CIO.
Só para contar um caso recente, envolvendo uma grande indústria, a infraestrutura tecnológica adquirida para a construção de uma unidade fabril, que deveria ter sido entregue em fevereiro, até agora não foi instalada. E mais: por causa de uma divergência entre a proposta adquirida e as demais, problema detectado apenas agora, o processo continua parado e em renegociação. Resultado? O prejuízo não aparece apenas no médio e longo prazos, já que a produção e o faturamento da empresa estão diretamente afetados.
É importante dizer que não critico o poder de decisão das áreas de compras. Apenas reforço a importância da colaboração e da conexão entre as áreas da empresa, que devem estar alinhadas à estratégia e com diálogo em dia. Não existe projeto que dê certo se todos os departamentos envolvidos – compras, TI e negócio – não conversarem. Acredito que a solução seja muito simples, já que em alguns casos, só está faltando a iniciativa de uma conversa com a área de negócios, antes da decisão de adquirir uma solução ou produto.
Do lado do CIO, é importante que ele passe a compartilhar os resultados de seus projetos com a área de compras, separando os que impactaram positivamente nos objetivos da companhia dos que atrapalharam os resultados esperados, mostrando sua visão de como alguns dos problemas poderiam ter sido evitados. Com a melhoria dessa relação, certamente os erros mais graves deixarão de acontecer, agora sim, no curtíssimo prazo.
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