| Por Renato Carneiro |
A todo tempo assistimos apresentações e lemos artigos sobre como a Internet das Coisas (IoT) pode ajudar as empresas a ter novas receitas, melhorar sua produtividade e evitar perdas, reduzindo seus custos.
Os dois últimos parecem cada vez mais claros na vida dos administradores. É muito fácil mostrar para qualquer CEO que, se os sistemas estiverem conectados e gerando informações úteis em tempo real, a produtividade da empresa aumenta vertiginosamente. Também é simples de visualizar que, com IoT, as indústrias evitam perdas milionárias, principalmente as de extração de minérios.
Mas meu ponto hoje não é nenhum desses. É a história de Damião Nunes Bras, 36 anos, pedreiro, casado com Juliana, 34, e um filho de 12, que deixou de ser o cozinheiro em um hotel em Juquehy, praia do litoral norte de São Paulo, para trabalhar como pedreiro durante o dia e ter a noite livre para estudar Engenharia na Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Seu sonho era dar um futuro melhor para sua família.
Ele estava no ônibus que transportava 46 estudantes universitários na Rodovia Mogi Bertioga, em junho deste ano, quando o mundo parou para 18 deles – entre eles, o futuro engenheiro Damião.
Hoje, a perícia e a população debatem sobre uma possÃvel falha mecânica no ônibus, ou um mau comportamento do motorista, que também foi vítima do acidente. E é muito triste pensar que, com um único dispositivo conectando aquele ônibus à nuvem e transmitindo seus dados de telemetria, esse debate não existiria.
Se o ônibus estivesse sem freio, isso poderia ser detectado pelos sensores com muita antecedência, a tempo de fazer uma manutenção preventiva e evitar o acidente. E se o motorista estivesse frequentemente passando dos limites previstos na lei e dos limites de velocidade, com freadas bruscas, o ônibus conectado teria essas informações e a empresa poderia tê-lo enviado para uma reciclagem, ou ele poderia ser transferido para outro departamento da mesma empresa.
Poder evitar aquele acidente é meu ponto de IoT de hoje. Fazendo isso, estaríamos vivendo mais felizes por saber que ainda teríamos aqueles 18 sonhos vivos para nos ajudar a criar um mundo melhor.
Imagem: Pixabay