Limpa e eficiente: como a TI torna a indústria de energia mais rentável financeira e ecologicamente

julho 27, 2023
O Brasil busca ampliar, cada vez mais, suas fontes de energia limpa. Mas como a tecnologia pode melhorar a eficiência comercial-financeira e ecológica deste mercado?
sustentabilidade, tecnologia ecologica

É só parar de chover que a energia elétrica vira assunto nos lares brasileiros. Primeiro, pelo consequente aumento da conta de luz, que impacta no bolso do consumidor. Em paralelo, nesses momentos, ganha ainda mais força a defesa das energias limpas. Mas o que significa essa expressão? 

Para especialistas, energia limpa é toda aquela que não é de fonte fóssil — as nossas hidrelétricas, portanto, são fontes de energia limpa, por mais que exista um custo ambiental na construção dessas estruturas. Quando os reservatórios estão vazios, várias vezes o governo aposta numa energia “suja” e de combustão: as termelétricas. 

O Brasil tem avançado na implementação de fontes de energia limpa. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), no primeiro trimestre deste ano, mais de 90% da energia gerada no país veio de fontes renováveis, como a água, o vento e o sol. Esse número representa a maior produção de energia limpa dos últimos 12 anos e foi alcançado com a ampliação de parques eólicos e usinas solares.

Do ponto de vista estrutural, a principal diferença entre a energia solar, a eólica e a hidrelétrica é a distância para os centros de consumo. As hidrelétricas e os parques eólicos estão longe das capitais e envolvem a construção de linhas de transmissão com milhares de quilômetros; já as fontes de energia solar estão espalhadas. Atualmente, há mais de dois milhões de sistemas fotovoltaicos pelos telhados brasileiros, número que representa mais de 22 mil megawatts de potência instalada. 

“Aí entra um dos principais papéis da TI, que é  auxiliar com as tecnologias de IoT e o sensoriamento dessas fontes e conseguir fazer a proteção desses ativos, para que essa energia seja distribuída de forma segura”, explica  Severiano Leão Macedo, Digital Transformation Advisor na Cisco. 

As soluções tecnológicas para uma energia ainda mais limpa 

Vinicius Ribeiro, especialista em transformação digital da 2S Inovações Tecnológicas, destaca como a tecnologia pode ajudar a tornar a energia limpa mais atrativa comercialmente. “Isso ocorre por meio da redução dos custos operacionais, integrando fontes renováveis de energia, otimizando o uso de veículos elétricos, permitindo simulações virtuais e aumentando a conscientização sobre os benefícios da energia limpa. Essas soluções tecnológicas impulsionam a transição para um modelo energético mais sustentável e econômico, beneficiando tanto as empresas quanto o meio ambiente”, diz. 

Ele destaca soluções da 2S como o Smart Grid, que promove a integração de fontes renováveis, o gerenciamento eficiente da demanda, a eficiência energética e a adoção de tecnologias sustentáveis; e a Frota Conectada, que otimiza rotas, aumenta a eficiência de combustível, promove a manutenção preditiva e a gestão inteligente de carga, com o monitoramento das emissões de carbono. 

Rodrigo Trevisan, Head of Sales e Utilities na 2S Inovações Tecnológicas, também garante que as soluções tecnológicas podem ajudar na inovação do setor de energia. 

“A Automação de Subestações melhora a eficiência energética e permite a integração de fontes renováveis, otimizando a gestão da demanda e contribuindo para a monitoração ambiental. O metaverso é outro ponto interessante, ao permitir a simulação e modelagem de situações, com treinamento, capacitação e troca de conhecimentos. Tudo isso leva a um uso mais eficiente dos recursos”, explica. 

Para Trevisan,  a empresa de energia que não investir em soluções digitais enfrentará problemas. “Cada uma dessas soluções tem potencial de facilitar a vida das empresas e, claro, impactar no dia a dia de todos nós, consumidores”, conclui.   

O desafio da cibersegurança no setor de energia 

Cibersegurança é uma palavra obrigatória para os negócios de energia. Isso fica mais claro em países que se envolvem em conflitos externos: um dos primeiros ciberataques registrados contra empresas do setor ocorreu em 2015, quando hackers conseguiram cortar a energia de uma parte de Kiev, na Ucrânia. 

“Somos um país pacifico e não temos situações bélicas contra ninguém, o que é uma vantagem. Em situações de guerra, o primeiro alvo é sempre o sistema elétrico. Com um ataque assim é possível parar um país”, alerta  Severiano Leão Macedo. 

No Brasil, um dos grandes desafios da cibersegurança está justamente na força do nosso sistema elétrico, que é quase totalmente interligado. É essa conexão que permite que a ausência de chuvas nos reservatórios das hidrelétricas de uma parte do país seja compensada pelas usinas eólicas do nordeste — e o Brasil é beneficiado por ter menos chuvas justo quando os ventos vêm em maior intensidade (e vice-versa).  

O problema dessa interligação é que um ataque a uma parte do sistema pode afetar todo o país. “O que aconteceria se a gente, de repente, tirasse cargas significativas de todo o sistema? Se alguém conseguir ‘desligar’ toda a cidade de São Paulo? Isso criaria uma instabilidade com potencial para derrubar todo o sistema nacional”, explica Severiano Leão Macedo 

A tecnologia para atuar contra ciberataques é tão importante quanto a utilizada, há anos, para proteger as linhas de transmissão de descargas atmosféricas. Não é possível garantir que as linhas de transmissão nunca serão atingidas, mas a tecnologia evita a maioria dos casos e permite o controle inteligente para reagir quando uma linha eventualmente for atingida, impedindo que o problema se espalhe pelo sistema. 

“Temos muitas tecnologias para minimizar os ataques hackers ao sistema elétrico, mas o desafio é que isso custa muito dinheiro e, claro, tem reflexo direto na tarifa”, explica o especialista. 

Controlando os desperdícios e o furto de energia

Segundo a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), os “gatos” geraram um prejuízo de mais de seis bilhões de reais só no ano passado. Em casos assim, a maior parte da conta é distribuída na tarifa dos outros clientes. 

Além do furto, há o desperdício de energia. Segundo um relatório do Banco Mundial, a iluminação pública equivale a mais de 4% do consumo total de energia do Brasil. Severiano Leão Macedo lembra que esse número esconde um grande desperdício. É que muitas cidades ainda utilizam lâmpadas com alto consumo e baixa eficiência, em que a maior parte da energia elétrica é utilizada apenas para gerar calor. 

“Temos tecnologia para minimizar esses problemas. Há tecnologia para substituir as lâmpadas e controlar o consumo de energia de forma inteligente. A iluminação pode ser diminuída de madrugada e voltar se o movimento aumentar, por exemplo. Há tecnologia para evitar perdas e é economicamente viável atuar nisso. Afinal, muito pior que gerar uma energia suja é gerá-la e ainda por cima desperdiçá-la”, diz ele.  

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