Ela está tão presente em nossas vidas que a maioria das pessoas só pensa em Wi-Fi quando, por algum problema, o sinal de Internet desaparece, iniciando um pequeno caos na rotina diária. Segundo um levantamento feito pela Wi-Fi Alliance, 92% do tráfego da Internet mundial começa numa rede Wireless. A mesma pesquisa traz outro número que reforça a importância dessa tecnologia: a Wi-Fi movimenta 3,5 trilhões de dólares na economia mundial.
Foi para discutir o passado, o presente e o futuro das redes Wireless que a 2S Soluções Tecnológicas realizou o webinar “Wi-Fi 6/6E: A revolução na conectividade sem fio”. Durante o evento, os especialistas apresentaram as principais tendências em wireless, os avanços que a tecnologia proporciona no ambiente corporativo e explicaram por que o Wi-Fi 6 e 6E são tão importantes.
“Hoje, praticamente todo equipamento é conectado no Wi-Fi, incluindo dispositivos de IoT, então, a rede wireless é parte essencial de qualquer infraestrutura de rede. Temos prédios completamente conectados e a rede wireless não é mais uma rede secundária e, sim, a principal rede de acesso. Isso ocorreu principalmente depois da pandemia, que causou uma adoção cada
vez maior dos laptops”, explicou Marco Bartulihe, que é engenheiro eletricista, tem mais de dez anos de experiência com as tecnologias Cisco e atua como Business Sales Specialist na 2S.
Com o avanço da sexta geração do Wi-Fi e da Internet das Coisas, Bartulihe diz que cada vez teremos mais dispositivos conectados. Por isso, é fundamental que as empresas invistam em inovação e melhorem a tecnologia adotada, buscando redes confiáveis e que forneçam uma conectividade saudável, com chamadas de qualidade, mais sustentabilidade e uma política de segurança ampla e centralizada.
É possível comparar as redes wireless com o trânsito em diferentes estradas, diz Wellington Assis, formado em Engenharia da Computação, organizador do evento anual Mobility Brazil Conference e que atua como Technical Solutions Architect na Cisco.
“A Wi-Fi se popularizou lá em 1999, com um protocolo chamado 11b. Usar aquela rede wireless era como dirigir um carro numa estradinha simples, dessas de pista única, cheia de buracos e com o limite de velocidade muito baixo, de apenas 11 Mbps. Pouco depois, nasceu o protocolo 11a, que já permitia velocidades de até 54 Mbps. Com o passar dos anos e das tecnologias, a estrada foi ficando mais larga e suportando um limite de velocidade maior”, explica Assis.
O Wi-Fi 6 é a sexta geração desse processo de evolução tecnológica. Lançada em 2019, a tecnologia mudou um padrão de vinte anos, focando em eficiência. “Com a Wi-Fi 6, estamos dirigindo numa autoestrada e com um limite de velocidade muito mais alto. Temos várias faixas e usamos essas faixas de forma simultânea, aumentando a velocidade geral”, diz Assis.
Apesar de todo o avanço, a Wi-Fi 6 ainda tinha um problema: as frequências permaneciam aquelas da década de 1990: 2,4 GHz e 5 GHz. Com o número crescente de dispositivos conectados, aumenta a interferência — fora a grande presença de dispositivos antigos, que atrapalham todos os outros. A Wi-Fi 6E é um novo passo dentro da mesma geração de Wireless e que conecta os dispositivos em uma nova frequência, a de 6 GHz.
“Essa é a maior expansão de espectro de todos os tempos e um grande avanço dos últimos 20 anos. Tenho mais de um giga de espectro e 59 canais que podem ser utilizados sem problemas de interferência, por exemplo, com os radares da aviação que controlam voos”, explica Assis.
Além do aumento no espectro eletromagnético, o especialista chama atenção para outra vantagem da Wi-Fi 6E. Para isso, ele recorre novamente à analogia rodoviária: imagine que você está dirigindo por uma estrada duplicada, com várias faixas e sem buracos. O limite de velocidade é alto e a viagem segue tranquila. Só que no meio do caminho tem um carro de 1980, com pneus carecas e rugindo alto, ele solta uma enorme quantidade de fumaça e não consegue passar dos sessenta quilômetros por hora, travando o desenvolvimento de quem vem atrás. A rodovia pode ser ótima, mas veículos velhos e mal cuidados ainda atrapalham a velocidade geral.
“Qualquer dispositivo que se conecta em 6 GHz precisa ser novo, necessariamente tem os protocolos mais avançados. Ou seja, estamos falando de uma rede ultrarrápida e onde só circulam dispositivos também ultrarrápidos. Os engarrafamentos desaparecem”, conclui Wellington Assis.
Há um longo caminho pela frente. Muitas empresas ainda não adotaram a sexta geração do Wi-Fi, que deve atingir 70% do mercado em 2025. Apesar disso, já se fala no passo seguinte. A Wi-Fi 7 promete conectar as três frequências, 2,4 GHz, 5 GHz e 6 GHz, quase quintuplicando a performance da rede.
Se a próxima revolução promete ser ainda maior, por que investir agora? Não seria melhor esperar pelo próximo passo tecnológico? Marco Bartulihe lembra que a Wi-Fi 7 ainda está em estudo e não foi padronizado e homologado pela Wi-Fi Alliance — e que está muito longe de se tornar realidade. “Meu conselho é: invista no que já é realidade, no que está disponível agora e já oferece uma grande quantidade de dispositivos compatíveis, como notebooks e smartphones. Quando a Wi-Fi 7 estiver disponível, já estarão falando da Wi-Fi 8. Ou seja, esperar é ficar parado em uma tecnologia obsoleta e nunca investir”, diz Bartulihe.
Wellington Assis completa o pensamento, deixando claro o impacto que a Wi-Fi 6/6E pode ter agora. “A tecnologia faz a diferença para o uso de Realidade Virtual, por exemplo, na educação, que exige alta banda com baixíssima latência. Com a adoção de uma rotina híbrida, cada vez mais pessoas estarão conectadas. A saúde, a robótica, as indústrias, o dia a dia: tudo vai se conectar à rede wireless”.
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