Comitiva da 2S presente no evento, em Las Vegas, discutiu caso de sucesso da Audi, que eleva a automação industrial a um novo patamar; veja outros destaques.
No início de junho, uma comitiva formada por profissionais e clientes da 2S esteve no Cisco Live, em Las Vegas, para uma imersão nas atualizações e inovações tecnológicas apresentadas globalmente pela fabricante. Em destaque, os temas ligados à inteligência artificial ocuparam grande parte da programação e das discussões do evento. Na visão de Gisele Braga, diretora de tecnologia e inovação na 2S, a ênfase em IA esteve em linha com a expectativa dos visitantes: “A grande maioria dos clientes que foram com a gente tinha a diretriz de falar sobre inteligência artificial. O que ela vai trazer para o negócio? Como será incorporada na aplicação de negócio deles? Estas eram questões importantes“.
Nesse que é o seu maior evento anual, e que se estendeu de 2 a 6 de junho no hotel Mandalay Bay, a Cisco anunciou a integração da IA com diversos produtos e serviços de seu portfólio, bem como um fundo de um bilhão de dólares dedicado a acelerar os avanços na transformação das organizações a partir da implementação dessa tecnologia.
“Mas, apesar da expectativa em torno do tema, temos que lembrar que o Cisco Live também tem como base o mundo da infraestrutura e da cibersegurança. Quando falamos em projetos de rede, por exemplo, a IA permite ganhos em relação à rede convencional, como otimização de processos, visibilidade e correlação de dados, aumentando eficiência em termos de cibersegurança, otimização de provisionamento, análise comportamental, entre outros. Com isso, há uma redução de trabalho operacional”, conta Gisele.
Da comitiva da 2S no Cisco Live, fizeram parte representantes de empresas de agronegócio, metalurgia, energia, data center, fábrica de motores, entre outros setores, somando um grupo de 13 pessoas.
Trazendo a expectativa para a realidade, a especialista da 2S lembra que, por mais que os holofotes estejam direcionados para IA, machine learning e inteligência de dados como um todo, essa transformação vai demandar que a empresa tenha uma infraestrutura pronta para receber essas novas ferramentas. “Não é só coletar dados. Isso demanda mais processamento e que os dados sejam transformados em informações relevantes para o negócio. Por isso, precisamos definir um trajeto em camadas”.
Isso significa que, para que a inteligência artificial chegue na aplicação de negócio, é necessária a reestruturação do ambiente tecnológico da empresa, ou um investimento do aumento da sua robustez. “A IA tem sido uma solução embarcada em todo portfólio da Cisco. Ela está incrustrada nessa infraestrutura. Na substituição de um switch, por exemplo, os novos equipamentos já têm aplicação embarcada, mas outras tecnologias precisam de desenvolvimento”, conta Gisele. Ela cita a recente aquisição da Splunk pela Cisco, que anunciou a integração dessa plataforma de coleta de dados com o Cisco AppDynamics Application Performance Monitoring (APM), com o objetivo de agilizar a solução de problemas dos usuários em ambientes híbridos e on-premise, da infraestrutura à aplicação.
“No caso da plataforma da Splunk, por exemplo, é possível trazer recursos de análise de eficiência operacional do ambiente, mas muitas vezes não basta ter a ferramenta, é preciso algum desenvolvimento que se aproveite das APIs existentes e crie algo mais direcionado”, diz a diretora da 2S.
Um dos casos de sucesso apresentados e discutidos pela comitiva da 2S no Cisco Live foi o da fabricante alemã de automóveis Audi. Com tecnologia Cisco, a empresa está mais do que automatizando processos de produção – ela está reduzindo e convertendo aplicações e dispositivos em software. Isso significa virtualizar o processo industrial, o que requer não apenas uma infraestrutura que integre tecnologias de operação e da informação, como também PLCs virtuais – do inglês “Programmable Logic Controller”, PLCs são dispositivos que gerenciam processos e equipamentos automatizados na indústria.
De fato, a história da Audi representa uma revolução na automação industrial. Ao mesmo tempo, a especialista da 2S pondera: “A Cisco, em conjunto com outros fabricantes voltados a sistemas de automação, trabalhou no sentido de criar uma infraestrutura na qual se tem, de forma virtual, a mesma atuação dos PLCs, o que traz uma redução de custos muito grande com aquisições, monitoramento e manutenção, por exemplo, uma vez que se reduz a quantidade e variedade de dispositivos no ambiente. A Audi foi um caso muito inovador no mundo, algo que deve se tornar realidade somente mais para frente. Mesmo assim, é preciso ir colocando essa semente da inovação e trazer o mercado para entender o que será essa evolução”.
Um dos desafios impostos por esse futuro tecnológico será a transformação do perfil de atuação das pessoas. Elas precisam estar preparadas para lidar com os processos e as soluções que virão. Além disso, é importante discutir o uso responsável da inteligência artificial, o que demanda estruturação de políticas e processos para uso dessa tecnologia nas aplicações de negócio.
“Mas a grande questão é: independentemente da solução que eu vou colocar na ponta, preciso preparar a minha base, não só em termos de capacidade de armazenamento ou performance, mas também de recursos de inteligência artificial que estão embarcados nessas máquinas, para que elas consigam enxergar como estão sendo processados os dados e as comunicações, entregando respostas mais eficientes”, explica Gisele.
E ela enfatiza: “IA é o caminho. Mas é preciso construir um roadmap de onde se quer chegar, com as etapas necessárias para que o objetivo final seja conquistado. A tentativa de trazer uma solução para o negócio sem saber claramente qual é o problema a ser endereço é algo que atrasa muito a jornada”.
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