*Por Fernando Reis
A nuvem foi uma revolução. Afetou negócios e gerou mudanças gigantescas na TI e na estrutura das empresas. Embora já fosse uma tendência, a adoção da cloud foi acelerada pela pandemia, que exigiu uma digitalização repentina e geral.
Segundo a pesquisa IDC Latin America realizada em 2020, ano da explosão da crise sanitária global, o uso da tecnologia em nuvem no Brasil teve, no período, um aumento de 24%. Feita um ano depois e ainda durante a pandemia, outra pesquisa do mesmo instituto estimou que 39% das empresas da América Latina planejavam grandes investimentos em computação em nuvem.
Os data centers pareciam fadados ao passado, enquanto a nuvem foi uma das principais responsáveis pela consagração do As a Service, termo em inglês que mostra que a tecnologia não é mais um produto ou uma máquina palpável ocupando um espaço na empresa, mas um serviço.
Passada a crise sanitária, a adoção da nuvem ainda parece ser uma decisão necessária diante da demanda crescente de digitalização dos negócios, mas algumas “verdades” já começam a ser questionadas. A maior delas envolve dinheiro: se antes era vista como economia certa, hoje a migração para a nuvem exige uma análise financeira cuidadosa.
Antes de tomar uma decisão, gestores precisam estar atentos não apenas a uma possível economia de custos, mas, também, à elasticidade e à previsibilidade deles.
Por um lado, o formato pague conforme o uso é um simplificador. Assim, a adoção da tecnologia em nuvem elimina a necessidade de altos investimentos iniciais em hardware e infraestrutura. Por outro, os custos mensais da nuvem podem crescer sem controle, o que prejudicaria os benefícios da economia inicial.
Um cenário com muitas faces, entre elas o contexto global. Segundo a Canalys, empresa que faz análise do mercado de tecnologia, em 2023, os preços da nuvem devem ter um aumento de 30% na Europa e de 20% nos Estados Unidos. Dentre as explicações possíveis, estão o aumento das taxas de juros e de energia, esta última uma consequência direta da Guerra da Ucrânia.
A nuvem atende muito bem as sazonalidades do negócio, mas a flexibilidade dos serviços também gera impacto direto na volatilidade dos custos. Outro aspecto importante da adoção da nuvem é que o modelo de preço fornece transparência e previsibilidade, o que facilita estimar os custos futuros e planejar os orçamentos.
Só que de nada adianta essa transparência se não houver um controle rígido e o monitoramento constante da utilização dos serviços de nuvem. Caso contrário, variações nos custos e preços proibitivos podem forçar empresas a repensarem a decisão sobre a nuvem.
Ninguém nega que os ganhos operacionais iniciais e a economia de ter a tecnologia como um serviço são mesmo atrativos. Apesar disso, é fundamental que as empresas avaliem os diversos fatores que podem impactar o custo da solução ao longo do tempo. Por exemplo, estimar o custo da transferência de dados, as taxas de armazenamento e os serviços adicionais. Também é preciso avaliar em tempo real se a utilização dos recursos da nuvem está eficiente e otimizada.
A adoção dos serviços de nuvem melhora a competitividade das empresas e agiliza a apresentação ao mercado de novos produtos facilmente escaláveis, mas as variações constantes nos custos podem ser uma barreira, afinal, esse é um serviço contratado em dólar.
Diante deste cenário, as empresas precisam avaliar estratégias inteligentes para mensurar o impacto da migração das aplicações para a nuvem e também monitorar constantemente o uso eficiente dos recursos consumidos.
O sucesso da adoção da nuvem se mede por meio do desempenho das aplicações e da capacidade de manter os custos previsíveis dentro do orçamento. Para fugir das surpresas, existem ferramentas que conseguem avaliar em tempo real a utilização dos recursos da nuvem e propor ações para otimizar o desempenho e o custo.
Por outro lado, algumas empresas estão migrando novamente parte do processamento para dentro de casa, abandonando as nuvens públicas. Nesse cenário, soluções híbridas ou nuvens privadas em infraestrutura própria se firmam como alternativas possíveis.
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*BSS – Data Center, 2S Inovações Tecnológicas