Medidas adotadas durante a pandemia chegaram para ficar e vão transformar a experiência de alunos e professores no processo de aprendizagem
A transformação digital é arma fundamental para a educação em tempos de pandemia. Assim como outros setores, o ensino precisou se transformar em meio às mudanças impostas pela disseminação da Covid-19. Com escolas e universidades de portas fechadas por todo o país, a tecnologia, antes vista como ferramenta, se tornou plataforma para a continuidade dos períodos letivos.
Para a CIO da PUC Campinas, Margareth Camargo, a pandemia foi um fator motivador para processos inéditos e uma verdadeira mudança de cultura nas instituições. Durante sua participação no webinar “Na visão do CIO: transformação digital no pós-pandemia”, realizado pela 2S, ela destacou a possibilidade de atingir as mesmas metas com menos burocracias e o uso de boas ferramentas tecnológicas.
“As equipes internas puderam entender a resolução de processos burocráticos sem carimbos e assinaturas. A meta foi atingida em 100% nesse quesito, nada deixou de acontecer”.
Embora amplamente discutido e assimilado no ensino privado, o assunto continua sensível, principalmente no sistema público de ensino, com a busca pela inclusão de todos os alunos nessa nova realidade da educação. Ao mesmo tempo, algumas escolas começam a retomar, gradualmente, as aulas presenciais, como é o caso na cidade de São Paulo, onde os vereadores aprovaram um projeto de retorno facultativo, ficando a decisão a critério dos pais ou responsáveis pelos estudantes.
Mas, para além das questões imediatas, há uma reflexão mais profunda: a digitalização deve moldar definitivamente os modelos de aprendizado, o futuro das salas de aula e os rumos da educação nos próximos anos?
Educação a distância X ensino remoto
A migração forçada para o modelo remoto de ensino colocou em evidência a diferença – e as dúvidas decorrentes dela – entre essa modalidade e o chamado ensino a distância, este último já consolidado nos mais variados segmentos.
As aulas remotas podem ser vistas como solução temporária para a continuidade das atividades de aprendizado em tempos de isolamento social, replicando o modelo de aula presencial no meio digital. Nesse caso, o objetivo é diminuir os impactos de aprendizagem dos estudantes acostumados ao ensino presencial por um curto período. Há atividades, exposição de conteúdo e grande interação entre professor e aluno no período das aulas.
Já a educação a distância é uma modalidade de ensino com seu próprio método de funcionamento. Todo o conceito didático-pedagógico é estruturado de forma flexível em seus conteúdos e atividades, com plataforma própria e robusta, para garantir a aprendizagem e contemplar o processo avaliativo dos alunos. Cada aluno estuda de maneira autônoma, cria sua própria rotina de horários e há poucos momentos de interação entre aluno e professor, sendo este um tutor que auxilia o estudante com suas principais dúvidas.
O especialista em colaboração da 2S, Thiago Monteiro, acredita que a transformação digital e as aulas remotas chegaram para ficar na educação. “As plataformas utilizadas pelas escolas normalmente estão de acordo com o que é proposto pela LGPD, o que faz com que não haja nenhuma questão regulatória que impeça esse processo de seguir. Aos poucos, as escolas vão se adaptar a alguns gargalos que os modelos remotos ainda possuem, como a relação com pais e responsáveis. Enquanto as aulas ocorrem pelo uso de determinadas ferramentas, o contato ainda é bastante formal e por e-mail”.
Para Monteiro, a escola do futuro será um mix do que havia antes da pandemia e as soluções tecnológicas adotadas a partir dela. “Professores e instituições vão poder mesclar esses recursos com o ensino presencial tradicional. Além disso, um aluno que se machucou e precisa se ausentar da sala de aula, por exemplo, não terá de perder o conteúdo e nem mesmo o contato com os colegas. Essa tecnologia facilita e aproxima as relações”.
No processo educacional, o choque de gerações também pode ser um ponto de atenção, mas não invalida a possibilidade da troca de conhecimento. “Trabalhar com tecnologia na área de educação é muito interessante, pois, em uma ponta, você tem o aluno, aquele que já nasceu dentro da tecnologia. Na outra, estão os professores, que têm muito conhecimento, mas podem ter certa resistência ao uso de novas ferramentas. Esse profissional precisa entrar para a área de tecnologia e o desafio do CIO está em como fazer isso, e auxiliar esse processo com muito carinho”, enfatiza Margareth, da PUC Campinas.
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