Redução de custos, jornada de Open Banking e parcerias com fintechs farão parte do cenário de retomada econômica para as instituições bancárias
Se os bancos brasileiros já tinham desafios pelo caminho, como pressões regulatórias e uma concorrência de peso, inclusive com o avanço das fintechs, a pandemia os colocou em um contexto ainda mais sensível. Isso porque, além de lidarem com as próprias adversidades em período de enfraquecimento econômico, as instituições financeiras são fundamentais no plano de conter o impacto da crise de saúde nos orçamentos familiares, bem como na continuidade das empresas – especialmente as de menor porte.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) reforça que o crédito é um dos principais caminhos para essa retomada: no período de 1º de março a 21 de agosto de 2020, as concessões de crédito somam R$ 1,8 trilhão, incluindo contratações, renovações e suspensão de parcelas. Juntamente com a recuperação da economia, a tecnologia pode ser a principal aliada das instituições financeiras, como mostra um levantamento da consultoria global McKinsey & Company, que identificou sete alavancas para preparar os bancos para o futuro pós-pandemia:
1. Reduzir custos rapidamente;
2. Superar a crescente expectativa da experiência do cliente;
3. Colocar a tecnologia no centro do negócio;
4. Alavancar dados como ativo;
5. Engajar-se na jornada de Open Banking;
6. Usar força e capilaridade para vencer em linhas de produtos e mercados específicos;
7. Inovar no nível organizacional.
Vamos olhar com mais profundidade para algumas dessas frentes:
Redução de custos
Sob ameaça dos concorrentes digitais, os bancos tradicionais lidam com a urgência da redução de custos a fim de manter a competitividade. Ainda segundo o estudo da McKinsey, a digitalização e a automação de processos, que são recursos potencializados pela pandemia, tendem a reduzir tempo e custos de processamento.
Se, por um lado, a redução de custos é essencial para manter a competitividade, o investimento em tecnologia é determinante para o desenvolvimento das instituições bancárias, como mostra a lista da McKinsey. De acordo com a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2020, os investimentos feitos pelo setor em tecnologia em 2019 cresceram 48% em relação ao ano anterior, chegando a um orçamento total de R$ 24,6 bilhões.
Competição com as fintechs
A concorrência com as novas empresas do setor é, na opinião do diretor executivo de Inovação, Produtos e Serviços Bancários da Febraban, Leandro Vilain, apenas um lado dessa história. Ele defende a oportunidade de colaboração entre as instituições tradicionais e as startups financeiras: “Elas contribuem para a expansão e aumento da qualidade do segmento. Existe um ambiente colaborativo entre as fintechs e os bancos. Temos inúmeros exemplos bem-sucedidos de parcerias”.
Jornada de adoção do Open Banking
O Open Banking promete mudar a forma como o mercado financeiro funciona. Em alinhamento com a Lei Geral de Proteção de Dados, permite que os clientes sejam donos de seus dados e decidam o que fazer com eles da forma mais conveniente.
“O grande desafio é, no cronograma previsto na regulamentação do Banco Central, construir um ecossistema robusto, confiável e que seja transformacional para o setor bancário no Brasil, preservando informações concorrenciais e gerando isonomia competitiva entre todos os participantes do Open Banking. Já aprendemos bastante com os casos de uso, predominantemente no Reino Unido e na Austrália, e acreditamos que o setor bancário brasileiro tem dado contribuições propositivas ao longo do tempo”, destacou Vilain.
O setor bancário no pós-pandemia
A tendência de digitalização e uso dos meios remotos no setor financeiro deverá se acelerar e se aprofundar. Afinal, algumas medidas tomadas para o isolamento social se mostraram efetivas e chegaram para ficar.
Para as áreas administrativas dos bancos, o home office deverá mudar os hábitos da rotina das instituições financeiras, assim como o misto de trabalho presencial e em home office, alternando-se dias no escritório e em casa.
Outro ponto destacado por Leandro Vilain é a preocupação com a sustentabilidade, que deve ganhar mais destaque nos próximos anos. “A sustentabilidade, em suas várias dimensões, será uma variável cada vez mais importante na tomada de decisão dos bancos na concessão de crédito e na alocação dos seus investimentos. Além disso, as questões de educação financeira e de inclusão bancária terão papel crescente em nossa sociedade nos próximos anos”.
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