|Por Renato Carneiro|
Em busca de mais agilidade, áreas de negócios tomam a frente na aquisição de TI, mas abrem espaço para que o CIO se torne, de fato, um parceiro estratégico
As preocupações de um CIO podem ter as mais variadas causas, mas, se eu tivesse que destacar uma das mais corriqueiras atualmente, seria a descentralização de sua área. Não que isso seja exatamente um problema, afinal, as mudanças fazem parte do curso da vida e das empresas. No entanto, dá para entender por que é difícil aceitar e administrar a realidade de não mais ter sob controle todas as decisões de aquisição de tecnologia.
Já em 2014, o Gartner chamava a atenção para essa mudança: na época, 38% dos gastos com TI já partiam de outros departamentos e, na projeção, esse volume chegaria a mais de 50% em 2017. Não há volta: toda unidade de negócio agora é, também, uma área de tecnologia. Marketing, Recursos Humanos, Logística, Vendas…todos se tornaram consumidores e compradores de ferramentas que solucionam problemas de negócio e garantem a competitividade da empresa. E você sabe como é: às vezes a TI nem fica sabendo da aquisição de um sistema, automação de coisas e processos, de um aplicativo na nuvem ou de mais espaço de armazenamento de dados, que as outras áreas estejam consumindo.
Eu sei que perder o controle das coisas incomoda, ainda mais quando já tivemos, um dia, a gestão total sobre elas. Mas, quando o modelo do futuro foi traçado, agarrar-se ao passado só alimenta nossa ilusão de que as coisas podem ficar como estão. Na TI, isso significaria estar mais distante das áreas de negócio e, portanto, tornar o trabalho do CIO ainda mais difícil – e pior, pouco relevante.
Por outro lado, quando o CIO se coloca como consultor e parceiro estratégicos das áreas, o líder de tecnologia tem três atitudes a seu favor:
1. Mapear tudo o que cada área de negócio está utilizando em termos de tecnologia sugerindo melhores e mais confiáveis formas de ganhar agilidade, ou de controlar melhor algum projeto;
2. Colocar-se à disposição da área para que ela possa vê-lo como um apoiador ágil, e não como gargalo em seus projetos;
3. Abordar as áreas de negócio para sugerir soluções mais seguras e que atendam às suas necessidades.
A minha suspeita é de que, após assimilar e colocar em prática essa intenção, o CIO terá desenvolvido uma outra noção de controle. Aquela que prova que seu papel como profundo conhecedor de tecnologia atrelado ao negócio é indispensável para a organização.
E essa é a segunda chance de o CIO crescer e se firmar como um parceiro estratégico do negócio. Há tempos estamos falando dessa transformação – do CIO deixar de lado o operacional para falar de estratégia, cuidar do negócio ao lado dos principais executivos da empresa. Alguns já aproveitaram a primeira chance, mas para os que ainda não chegaram lá, definitivamente a hora é agora.
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